segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

Meu encontro com Espumante

-Foi um sonho estranho.

-Todo sonho é.

-É. Se importa se te contar?

-Hm, não, vá em frente.

-Certo.

Eu ouvia uma voz. Estava bem escuro e eu ouvia uma voz. Não me lembro de nada tátil. Era só “escuro e voz”. Não bem uma voz, mas um...sei lá o que era. Enfim, uma hora me encontrei com meu interlocutor. Entrevi sua forma física. Parecia um homem ou mulher, o que não faz nenhum sentido.

–Por que não?

Eu perguntei “Quem é você”, e a voz respondeu: “espumante”. É por isso que é estranho.

-Espumante?

É, espumante. Eu também não entendi nada. “Espumante?”, perguntei. “Sim, sou Espumante”, disse ele/ela. “Você já notou que nunca usou a palavra Espumante num texto?”.

Eu fiquei aturdido. Mesmo no sonho. De algum modo me faltava aquela nudez lógica, comum ao sonhar. Uma vez eu estive vestido de galinha, viajando num daqueles ônibus escolares amarelos. E não achava estranho.

-Mas nesse achou.

É, achei muito estranho. “O que é você?”. “Espumante”. “Você é uma palavra?”. “Algo assim”.

Tudo o que eu falava, falava ALTO. E bem articulado. Espumante parecia não falar a mesma língua que eu. “Vá embora logo, Abismo e Marola estão vindo para o chá".

-(risadas)

-É, essa é a parte engraçada.

2 comentários:

Tefo disse...

lendo eu começo a achar que sonhos têm algum tipo de estrutura, pois o que você escreveu é justamente o que eu não consigo conceber como sonho, claro que não como realidade, enfim, que há mais narrativas por aí do que aquelas de quando estamos dormindo mais aquelas de quando estamos acordados, entende?

Unknown disse...

É,
acho que eu nunca tinha escrito a palavra "espumante".
Espumanteespumanteespumante.
(Vale em teclado de computador?).