segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

Assim Foi

Já fui um Ser Encantado, já fui Hobbit, às vezes fui filho, já fui pai, frequentemente sou irmão mais velho ou mais novo.

As coisas me moldam com facilidade variável, mas nunca deixo, e penso que nunca deixarei, de ser moldável e essencialmente mutável.

Uma das minhas formas recorrentes é a do autômato que lê livros. É tambem um andróide que carrega um mistério calado consigo, mas que traz, talvez paradoxalmente, a história de sua vida na ponta da língua.

O autômato surge de modo reverso ao da borboleta. Gradualmente, me transformo, de coisa viva e móvel em casulo metálico, que ecoa com meus passos pesados.

Acho que já entenderam que não tenho forma definitiva. Nem autômato nem borboleta, sou coisas diferentes em tempos diferentes, mas as transformações precisam ser motivadas por algo.

...

Sabem como deixei de ser autômato da última vez?

Foi obra de uma menina. Ela se aproximou de mim, um dia, e passou a mão suavemente sobre meu braço. Assim, deixei cair todo o pó metálico que me cobria o corpo e que tolhia meus movimentos de ser fugidio.

Assim foi.



(nota: este texto foi para os dois blogs, porque achei que assim cabia)

3 comentários:

Tefo disse...

caramba, você é mais hippie do que eu!

Tiago Frúgoli disse...

Gostei! principalmente dos três pedaços infinitos, e o anterior a esse, vc escreve bem, não sabia.

abração!

thiago disse...

que graça